Clarice Lispector - Felicidade clandestina

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Mis à jour le mercredi 15 janvier 2025 , par Angelina CAUSSÉ

Felicidade Clandestina

Relações de Poder : promessas nunca cumpridas, materializam a esperança… e acabam por desiludir, até que…

Clarice LispectorTexto de Clarice Lispector.

Essa história conta uma passagem do início da adolescência da autora Clarice Lispector.

Publicado em 1971, o livro Felicidade clandestina reúne 25 contos da escritora brasileira Clarice Lispector. Também é o título do primeiro conto.

Os contos abordam os temas da infância, da adolescência e da família, mas também o das angústias da alma.

A descrição dos ambientes, das personagens e o enredo perdem a importância para a revelação profunda do carácter e dos sentimentos das personagens."

Synopsis

Sinopse

Felicidade Clandestina. A narradora recorda um episódio de seu tempo de menina. Uma garota, cujo pai era dono de livraria, disse à colega que possuía o livro Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Tratava-se de um dos objectos de desejo da protagonista - que também é a narradora - e ela o pediu emprestado. A dona comprometeu-se a fazê-lo, mas, por dias seguidos, transferia a entrega para o dia seguinte sob as mais diversas justificativas. Até que, a certa altura, a mãe da dona do livro descobriu tudo e fez a filha emprestar o livro.

Vidéo du texte dit

Felicidade Clandestina na voz de Maga Bianchi

Direção : Alberto Duran
Assistente : Marília Câmara
Fotografia : Bruce Douglas
Atriz : Maga Bianchi

MAGA : Formação profissional superior em Artes Cênicas e Produção em Telejornalismo. Mais de 200 filmes publicitários em formação de opinião ; Apresentação de 3 programas de TV ; 4 longas - 3 curtas ; 3 novelas ; Mestre de cerimônias.
Informações e Contato : magabianchi yahoo.com.br
LINKS DA MAGACANAL DO YOUTUBE : br.youtube.com/magalibianchi21
LINKEDIN : br.linkedin.com/pub/maga-bianchi/35/765/310/pt

Court-métrage 1

Curta-metragem

Este filme é um produto resultante da segunda avaliação (Atividade Supervisionada) dos alunos de Marketing, 1º período, da Unicarioca - Centro Universitário, unidade Méier. Correspondente à matéria de comunicação e expressão, foi escolhido entre outros 99 contos brasileiros, este conto de Clarice Lispector foi livremente adaptado, onde os principais objetivos do texto foram mantidos.

Inspirado nas décadas de 20 e 30 este trabalho homenageia o cinema mudo, grande património cultural da humanidade, onde as expressões, mímicas e "intertítulos" eram elementos constantes nas produções.
O trabalho também conta com uma leve pincelada do Realismo Fantástico, onde as principais características são :
Elementos mágicos/fantásticos, apreendidos pelas personagens como parte da "normalidade" ; Elementos mágicos talvez intuitivos, mas (por norma) nunca explicados ; presença do sensorial como parte da percepção da realidade.Os acontecimentos são reais mas têm uma conotação, pois alguns não têm explicação, ou é muito improvável que aconteçam.

De maneira cómica e delicada temos como resultado final "Felicidade Clandestina" Curta metragem, que é fruto de uma pesquisa e supervisão do professor André Caldas.

Court-métrage 2

Curta-metragem de Beto Normal

Clandestina Felicidade, Ficção, 1998,
De : Beto Normal, Marcelo Gomes
Fragmentos de infância, descoberta do mundo pelo olhar curioso, perplexo e profundo da criança-escritora Clarice Lispector.

« Felicidade Clandestina » reúne varios textos de Clarice Lispector. Foram publicados como crônicas no Jornal do Brasil entre 1967 a 1972.

Extrait

Felicidade Clandestina : Extrait

Texte intégral

Felicidade Clandestina : Texto original

De Clarice Lispector

Felicidade clandestina - Obra completa

Felicidade clandestina - La première nouvelle (Texte)

Ela era gorda, baixa, sardenta e de cabelos excessivamente crespos, meio arruivados. Tinha um busto enorme, enquanto nós todas ainda éramos achatadas. Como se não bastasse, enchia os dois bolsos da blusa, por cima do busto, com balas. Mas possuía o que qualquer criança devoradora de histórias gostaria de ter : um pai dono de livraria. Pouco aproveitava. E nós menos ainda : até para aniversário, em vez de pelo menos um livrinho barato, ela nos entregava em mãos um cartão-postal da loja do pai. Ainda por cima era de paisagem do Recife mesmo, onde morávamos, com suas pontes mais do que vistas. Atrás escrevia com letra bordadíssima palavras como "data natalícia" e "saudade".
 Mas que talento tinha para a crueldade. Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulho. Como essa menina devia nos odiar, nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Na minha ânsia de ler, eu nem notava as humilhações a que ela me submetia : continuava a implorar-lhe emprestados os livros que ela não lia.
  Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa. Como casualmente, informou-me que possuía As Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato.
 Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses. Disse-me que eu passasse pela sua casa no dia seguinte e que ela o emprestaria.
 Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria : eu não vivia, eu nadava devagar num mar suave, as ondas me levavam e me traziam.
 No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí : guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas como sempre e não caí nenhuma vez. Mas não ficou simplesmente nisso. O plano secreto da filha do dono de livraria era tranquilo e diabólico. No dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta calma : o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
 E assim continuou. Quanto tempo ? Não sei. Ela sabia que era tempo indefinido, enquanto o fel não escorresse todo de seu corpo grosso. Eu já começara a adivinhar que ela me escolhera para eu sofrer, às vezes adivinho. Mas, adivinhando mesmo, às vezes aceito : como se quem quer me fazer sofrer esteja precisando danadamente que eu sofra. Quanto tempo ? Eu ia diariamente à sua casa, sem faltar um dia sequer. As vezes ela dizia : pois o livro esteve comigo ontem de tarde, mas você só veio de manhã, de modo que o emprestei a outra menina. E eu, que não era dada a olheiras, sentia as olheiras se cavando sob os meus olhos espantados.
 Até que um dia, quando eu estava à porta de sua casa, ouvindo humilde e silenciosa a sua recusa, apareceu sua mãe. Ela devia estar estranhando a aparição muda e diária daquela menina à porta de sua casa. Pediu explicações a nós duas. Houve uma confusão silenciosa, entrecortada de palavras pouco elucidativas. A senhora achava cada vez mais estranho o fato de não estar entendendo. Até que essa mãe boa entendeu. Voltou-se para a filha e com enorme surpresa exclamou : mas este livro nunca saiu daqui de casa e você nem quis ler !
 E o pior para essa mulher não era a descoberta do que acontecia. Devia ser a descoberta horrorizada da filha que tinha. Ela nos espiava em silêncio : a potência de perversidade de sua filha desconhecida e a menina loura em pé à porta, exausta, ao vento das ruas de Recife. Foi então que, finalmente se refazendo, disse firme e calma para a filha : você vai emprestar o livro agora mesmo. E para mim : "E você fica com o livro por quanto tempo quiser." Entendem ? Valia mais do que me dar o livro : "pelo tempo que eu quisesse" é tudo o que uma pessoa, grande ou pequena, pode ter a ousadia de querer.
 Como contar o que se seguiu ? Eu estava estonteada, e assim recebi o livro na mão. Acho que eu não disse nada. Peguei o livro. Não, não saí pulando como sempre. Saí andando bem devagar. Sei que segurava o livro grosso com as duas mãos, comprimindo-o contra o peito. Quanto tempo levei até chegar em casa, também pouco importa. Meu peito estava quente, meu coração pensativo.
 Chegando em casa, não comecei a ler. Fingia que não o tinha, só para depois ter o susto de o ter. Horas depois abri-o, li algumas linhas maravilhosas, fechei-o de novo, fui passear pela casa, adiei ainda mais indo comer pão com manteiga, fingi que não sabia onde guardara o livro, achava-o, abria-o por alguns instantes. Criava as mais falsas dificuldades para aquela coisa clandestina que era a felicidade. A felicidade sempre iria ser clandestina para mim. Parece que eu já pressentia. Como demorei ! Eu vivia no ar… Havia orgulho e pudor em mim. Eu era uma rainha delicada.
 Às vezes sentava-me na rede, balançando-me com o livro aberto no colo, sem tocá-lo, em êxtase puríssimo.
 Não era mais uma menina com um livro : era uma mulher com o seu amante…

Clarice Lispector, em Felicidade Clandestina, 1971.

Hommage

Merci à Samantha pour le lien.

Homenagem

Travaux

Trabalhos de alunos

Felicidade clandestina

1. Victor

Elabore um comentário literário do texto transcrito, levando em conta a pesquisa da felicidade na crônica de Clarice Lispector.

No século XX nós podemos encontrar a jornalista Clarice LISPECTOR. Ela escreveu Felicidade Clandestina que foi lançado em 1971. Esta obra reúne diversos textos de Clarice Lispector que foram escritos em diversas fases da vida da autora. Mas vamos focalizar principalmente em um treicho de uma crônica que leva em conta a pesquisa da felicidade.

Neste treicho nós podemos ver varia meninas. Mas duas delas se destacam. Uma por ser jovem e inocente, e outra que a busa do pouco do poder que ela tem para substituir uma falta que ela possui. As duas estão a procura de ulma felicidade, que talvez nunca teriam.
Como podemos falar de duas buscas de felicidades neste texto ?
Primeiramente nós iremos ver a meneira da autora em se espressar através sua crônica e segundamente a busca da felicidade das duas menina.

Neste texto nós podemos ver uma repeticão da primeira pessoa ; “eu”, “eu”, “eu” (l12), “me”, “me” (l13), “eu”, “me”, “meus” (l15), “minha” (l20) etc… Aqui nós podemos ver que o narrador está na primeira pessoa e que ele está fazendo pate da história então ele é um narrador personagem. Sendo que uma crônica é geralmente extraído do cotidiano então este texto seria uma autobiografia da aurora. Nós podemos deduzir então que a autora poderia ser a pequena menina que está a procurando a felicidade no livro.

Vemos antíteses : “talento” […] “crueldade” (l1) ; “calma”,”ferocidade” (l4) ; “tranquilo”, “diabólico” (l22). Vemos também o campo lexical do mal que seria : “crueldade”(l1), “odiar”(l2), “ferocidade”(l3), ”humilhações”(l5), “tortura”(l7), etc… Isso poderia ser referencias bíblicas. O confronto entre o bem e o mal, o bem seria a menina que procura a ter o livro e o mal a outra menina que seria o mal representando o pecado da avareza porque ela não que emprestar os livros. Nós vemos isto quando a autora fala “o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte” e “ os dias seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava”, então o dia seguinte seria só uma desculpa para a menina de não emprestrar os livros da livraria do pai dela “filha do dono da livraria”.

A narradora procurava achar a felicidade na leitura, “ânsia de ler”(l5) , ela chega até a personificar o livro ,”era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o”(l9-10). Mas o problema é que a pequena menina seria pobre demais para comprar um livro ,“completamente acima de minhas posses”(l10), “ela ,não morava num sobrado como eu”. Este livro vira uma obseção para ela, “no dia seguinte lá estava eu eu à porta de sua casa”(l22) mesmo sabendo que nunca vai ter ela tem uma esperança de um dia ter o livro.

A segunda menina quanto a ela é uma menina que não parece ter amigas comparado a narradora,” n porque toda vez que a narradora se refere a ela é na terceira pessoa do singular “Ela”(l1), “ela” (14). Mesmo a autora fazendo o leitor ter uma visão pejorativa daquela menina, “ela toda pura vingança”(l1) olhando de um outro lado nós vmos que ela também procura uma felicidade mais de uma maneira imcomum, ela acha a felicidade dela humilhando “as humilhações a que ela me submetia”(l5) criando uma esperança na autora mesmo sabendo que a autora nunca vai ter oue ela quer. Essa menina também tem uma inveja enorme dessas meninas abençoadas pela natureza “ nós que éramos imperdoavelmente bonitas, esguias, altinhas de cabelos livres”(l4).

Mesmo a mina sendo tão cruel ela procura achar felicidade através o poder que ela adquiriu graças a livraria de seu pai criando . E a segunda busca achar a felicidade na leitura o livro seria talvez para ela um meio para escapar da réalidade que ela vive e cria esperança para ela.

2. Emilly

Terça-feira 14 de Janeiro de 2020
Comentário literário

Felicidade Clandestina é um conto escrito por Clarice LISPECTOR, em 1971 durante o movimento do modernismo. O trecho que nós estudaremos aparenta ser posicionado em um momento importante do livro, ele conta a história de uma menina, bonita de invejar, que queria muito ler um livro, que ela não podia comprar, mas que uma outra menina tinha por causa do seu pai que trabalhava em uma biblioteca, pois essa menina rica e feia ficou enrolando para não dá o livro à outra. Como Clarice LISPECTOR mostra a definição de felicidade através esse conto ? Para responder à essa problemática veremos um texto autobiográfico, em seguida falaremos da maldade infligida, que nós levará a felicidade evocada no trecho.

Durante todo o trecho podemos ver que a narradora fala com a primeira pessoa do singular, por exemplo “eu" repetido várias vezes mas linhas 5,12,15,16,17,22 é 24, e de forma indiretamente como “nós” linha 2, “minha" linha 5 e 20, “me” linhas 10, 12, 20, “mim" linha7. Podemos perceber que a maioria dos verbos estão conjugados no presente e na primeira pessoa, “transformei” linha 12, “nadava” linha 13, “fui" linha 14. Podemos dizer que a narradora é protagonista por causa da noção dos sentimentos muito bem ilustrado nos texto, como a maldade feita pela menina malvada sobre a menina “bonitinha", com um campo lexical do mal, “crueldade” e “vingança” linha 2, “sadismo" linha 5, “tortura chinesa" linha7, é certas palavra se intensificam com uma antítese como “calma ferocidade” linha 4, tranquilo e diabólico” linha 22. Todo esse vocabulário bem preciso mostra que a autora além de ser protagonista, é também a personagem principal do conto, já que a história parece ser real, vivida por ela, com tanto detalhes escrito. Nos resta a saber que mensagem Clarice LISPECTOR quis nos passar.

No texto, há vários aspetos, como o poder, os sentimentos, a felicidade e a maldade que podemos ligar. O poder e a maldade estão ligados, o poder se apresenta aqui nesta obra com a menina “feia", feia porque não temos muitas informações sobre ela, mas podemos deduzir que ela é o contrário da personagem principal e que ela tem uma certa inveja da menina “bonita", por isso faz tanta maldade. Ela possuí o livro que a menina bonita quer tanto ler porém a menina “bonita" não pode comprar o livro é o único jeito que ela achou foi de pedir para menina “feia” que possuía o livro dentro da loja do seu pai, mas como a menina “feia" tem inveja da menina “bonita”, cada dia que a menina “bonita" ia pegar o livro ela inventava uma desculpa para não dá o livro e isso, no texto, a autora chama de “Até que veio para ela o magno dia de começar a exercer sobre mim uma tortura chinesa" linha 7. Podemos ligar essa dor aos sentimentos, porque a personagem principal ficava triste de saber que não terá o livro “hoje" mas só “amanhã, porém esse “amanhã nunca chega “Mal sabia eu como mais tarde, no decorrer da vida, o drama do “dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.” Linha 24-25, então é uma dor sem fim. Enfim em contraste com essa maldade e esse poder dominante, temos a felicidade um poder mais mental.

O título do conto já nos alerta do tema, a felicidade. Ler um livro parece ser bobo mas para essa menina é um prazer, uma honra. Para ela o livro era tudo, “Era um livro grosso, meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o" linha 9-10, essa frase mostra o quanto o livro era importante, o “meu Deus" intensifica mais o fato do livro ser especial. Podemos dizer que personifica o livro. Aqui temos dois tipos de felicidade, a felicidade da menina que tem amigos, que é bonita, que todo mundo adora, a falsa felicidade da menina que tenta ser feliz, maltratando a menina “bonita”, ela tenta se satisfazer, e disfarça a inveja dela “Ela toda era pura vingança, chupando balas com barulhos" linha 2-3. A autora faz uma intertextualidade com o livro de Monteiro Lobato, um famoso autor brasileiro, com o seu livro intitulado As reinações de narizinho. Podemos deduzir que ela se espirou nesse autor para chegar a ser autora, por isso ela fala desse famoso autor, supostamente.

Enfim para concluir, Clarice LISPECTOR mostrou neste trecho o que é sua felicidade, ler livros é a única coisa que importa para ela, que ela seja pobre ou rica, feia ou bonita, que ela tenha amigo ou não, isso não importa porque ler, é tudo, ler é a felicidade dela, o universo dela. Ela nos mostrou também que nunca vai desistir, pelo fato de ir todo dia atrás do livro, de aprender mais sobre a literatura no mundo.

3. Victoria

Comentário literário

Elabore um comentário literário do texto transcrito, levando em conta a pesquisa da felicidade na crônica de Clarice Lispector

“Felicidade Clandestina” é o nome de uma das crônicas da obra da escritora Clarice LISPECTOR, que também se intitula da mesma forma e escrita em 1971. Na obra, contém várias crônicas que foram escritas em diferentes partes da vida da autora. Nesse trecho da crônica “Felicidades Clandestina” a autora no transmite um ponto de vista, ou vários, sobre a felicidade através duas garotas. Uma que ama tanto ler que ela não se importa em ser humilhada por a outra garota que gosta de fazer o mal. A crônica foi redigida na primeira pessoa do singular. Que tipo de felicidade a autora nós transmite através de sua narração autobiográfica ? Primeiramente veremos a narrativa autobiográfica desse texto e segundamente veremos os aspectos psicológicos dos personagens.

A autobiografia é um tipo de gênero literário que é formado por sentimentos pessoais do autor e que é escrito na primeira pessoa do singular, sendo assim o personagem principal. A autobiografia também é um recurso de autorreflexão e uma reconstrução de histórias pessoais, então ela é de fato baseada na realidade. Porém é contada por meios fictício.
Temos aqui um trecho da crônica redigido na primeira pessoa do singular, pelo fato de ter várias repetições dos pronomes “eu” e o “me”. O que leva a crer que, sabendo que as obras da autora nessa coletânea foram partes da vida dela, a autora era na sua infância uma grande leitora, apaixonada pelos livros. Ela descrevera através da sua crônica seu ponto de vista sobre o conceito de felicidade pelo seu amor a leitura, e pela sua visão da outra garota.
Os sentimos são também expostos. De um lado a autora nós demonstra os sentimentos de felicidade e esperança através a “alegria” (L.12) imensa da mesma de poder ter o tão famoso livro de Monteiro Lobato. E de outro lado o sentimento de inveja, vingança e maldade pela a outra garota. Assim foi como a autora a descreveu : “Ela toda era pura vingança.” (L.1) ; “Como essa menina devia nos odiar” (L.2) ; “ela me submetia” (L.5) ; “exercer sobre mim uma tortura chinesa.” (L.7).
Temos aqui uma autobiografia com duas personagens de características e psicologia diferentes.

De fato, essas duas garotas não tem nada em comum uma com a outra. Uma tem uma “ânsia de ler” (L.5) e a outra que emprestava os livros “não os lia” (L.6). Uma é inocente ao ponto de nem notar “as humilhações” (L.5) que era submetida, e acreditar cegamente as palavras de uma garota cheia de maldade ; já a outra é cheia de maldade e vingativa, aproveitando assim do fato de seu pai ser um dono de livraria e exercer sua crueldade encima dos amorosos de literatura.
A protagonista, é uma garota que aparenta ser inocente e se alegra pela leitura. Para ela um bom livro é algo extremamente preciso. Como aspecto físico ela aparenta ser como as outras garotas, “éramos imperdoavelmente bonitinhas, esguias, altinhas, de cabelos livres.” (L.2-3). Ela tinha boas condições pois morava em um “sobrado” (L.14), e quem morava em sobrado (Grandes Casas) era os senhores do engenho. A única motivação dela é sua “ânsia de ler” por isso ela não notava que estava sendo submetida a uma “tortura chinesa” (L.7). A sua felicidade era a leitura.
A antagonista é a garota vingativa, essa que tinha um “talento para a crueldade” (L.1). E que aparentemente ela tinha um ódio pelas garotas como a protagonista, “Como essa menina devia nos odiar, […] , de cabelos livres.” (L.2-3), talvez porque não era igual essas meninas, no nível físico. E também não tinha o mesmo modo de vida que a protagonista, já que ela morava em uma casa, “Ela não morava em num sobrado como eu, e sim numa casa“ (L.14). Porém ela tinha algo que as outras não tinham, o poder de deter o livro tão querido, e o poder de ter um pai dono de uma livraria (L.21-22). A sua felicidade era exercer seu “plano diabólico” (L.21).
Isso nós leva a ver que aqui, nós temos dois tipos de felicidade. A da alegria, e esperança de ter o livro tanto desejado, e a outra é de ter uma felicidade em fazer o mal.

Para concluir, essa crônica tem um traço autobiográfico, contando assim, a própria experiência sobre a felicidade visto pela a autora. Através essa pesquisa da felicidade de Clarice LISPECTOR, ela nós demonstra que a felicidade não é algo apenas no bom senso da coisa, e sim ela pode ser sentida de outra forma. Como nós vimos através desse trecho da crônica “Felicidade Clandestina” com as duas personagens.

4. Mohammad

Comentário literário

Elabore um comentário literário do texto transcrito, levando em conta a pesquisa da felicidade na crônica de Clarice Lispector

Este texto é uma extração de uma obra literária autobiográfica escrita por Clarice Lispector. Publicado em 1971, felicidade clandestina retrata momentos da infância da autora brasileira. O que é essa felicidade tão esperada pela criança e porque vale a pena sofrer para achá-la ? Em primeiro lugar, trataremos a forte presença da descrição psicológica dos personagens e por fim, veremos que este livro tão sagrado é usado como um objeto de vingança.

Sabemos que se trata de uma autobiografía pelo fato de um forte uso da primeira pessoa do singular. São usados muitas vezes : eu ; meu : me ; etc… O uso de verbos no passado ( tinha ; notava ; …) nos ajuda a concluir que são memórias, coisas que marcaram a vida da autora.
" Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo"(L 4) é assim que Clarice Lispector descreve a menina cruel, cheia de odio, esteticamente feia e gorda, "nós que éramos imperdoavelmente bonitinhas"(L 3). O uso de tantas antíteses nos mostra o nível de maldade que reina na cabeça dessa menina, filha do dono da livraria. Talvez até traumatisada pelo fato de ser rejeitada pelas meninas mais bonitas do que ela. Por causa disso, ela exerce sobre a personagem principal uma "tortura chinesa", como se fosse uma gota d’água pingando sobre sua testa várias vezes ao ponto de abrir um ferimento na cabeça. A escritora usa repetidamente o campo lexical do mal ( sadismo ; odiar ; vingança ; humilhação ; etc…) para insistir no estado psicológico de uma criança que quer se vingar. Quer se vingar de qualquer jeito, então ela descobre o ponto fraco do seu rival. Este ponto fraco é seu ponto forte. Porque a personagem principal é apaixonada por livros e provavelmente não tem o dinheiro necessário para poder comprar, mas a menina má, possui todos os livros entre suas mãos.

É a partir desse momento que ela declara o começo da guerra. Uma guerra que a personagem principal não gostaria que aconteça. Ela só precisa do livro As reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. Um livro que não está em seu poder, mas no poder de sua inimiga. " Meu Deus, era um livro para se ficar vivendo com ele, comendo-o, dormindo-o. E completamente acima de minhas posses" ( L 9/10) Tudo o que ela quer é ler este livro tão importante, tão sagrado. Ela sabia que a menina malvada viu que essa seria sua chance de se vingar e de humilhar-la. Mas ela não se importa. O mais importante é ter este livro. Ela aceitou sofrer, mas guardou a esperança que um dia poderá ler este livro mágico, " O plano secreto da filha do dono da livraria era tranquilo e diabóico" ( L 21/22). Ela conhecerá a frase que marcou sua vida para sempre. Duas palavras que se repetirão várias e várias vezes no texto : " Até o dia seguinte eu me transformei na própria esperança da alegria" ( L 12) Ela sabia que nunca terá o livro, mas para ela, ir na casa de sua inimiga para perguntar se pudesse emprestar-la este livro tão apreciado era uma alegria, " no dia seguinte, lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo"( L 22/23).

Para concluir, vimos que que uma garota má e ciumenta quer se vingar de garotas muito mais bonitas do que ela. Então, a personagem principal que é ao mesmo tempo a autora e escritora do livro faz parte dessas meninas e quer um livro emprestado. Um livro tão sagrado para ela que decide sofrer e ser humillhada pela menina malvada. Sempre que ela queria este livro, ela voltava o dia seguinte para pegá-lo, mas nunca ela conseguia. No final, entendemos que a felicidade que deveria ser o livro, tornou-se na aventura de bater na porta da filha do dono da bibliotéca. Então, sua felicidade seria de acordar todos os dias com a esperança que o "dia seguinte" ela poderá ter o livro.

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Monteiro Lobato

Monteiro Lobato, um texto autobiográfico

Texto autobiográfico
Nasci José Renato Monteiro Lobato, em Taubaté-SP, aos 18 de abril de 1882. Falei tarde e aos 5 anos de idade ouvi, pela primeira vez, um célebre ditado… Concordei. Aos 9 anos resolvi mudar meu nome para José Bento Monteiro Lobato desejando usar uma bengala de meu pai, gravada com as iniciais J.B.M.L. Fui Juca, com as minhas irmãs Judite e Esther, fazendo bichos de chuchu com palitos nas pernas. Por isso, cada um de meus personagens ; Pedrinho, Narizinho, Emília e Visconde representam um pouco do que fui e um pouco do que não pude ser.
Aos 14 anos escrevi, para o jornal « O Guarani », minha primeira crônica. Sempre amei a leitura. Li Carlos Magno e os 12 pares de França, o Robinson Crusoé e todo o Júlio Verne. Formei-me em Direito em 1904, pela Universidade de São Paulo. Queria ter cursado Belas Artes ou até Engenharia, mas meu avô, Visconde de Tremembé, amigo de Dom Pedro II, queria ter na família um bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais.
Em maio de 1907 fui nomeado promotor em Areias - SP, casando-me no ano seguinte com Maria Prezada Natividade, com quem tive o Edgar, o Guilherme, a Marta e a Rute.
Vivi no interior, nas pequenas cidades, sempre escrevendo para jornais e revistas. Em 1911 morreu o meu avô, Visconde de Tremembé, e dele herdei a fazenda Boquira, passando de promotor a fazendeiro. Na fazenda escrevi o Jeca Tatu, símbolo nacional. Comprei a « Revista do Brasil » e comecei, então, a editar meus livros para adultos. « Urupês » iniciou afila em 1918. Surgia a primeira editora nacional « Monteiro Lobato & Cia », neste mesmo ano. Antes de mim, os livros do Brasil eram impressos em Portugal.
Tive muitos convites para cargos oficiais de grande importância. Recusei a todos.
Getúlio Vargas (presidente do Brasil na ocasião) convocou-me para ser o Ministro da Propaganda. Respondi que a melhor propaganda para o Brasil, no exterior, era a « Liberdade do Povo », a constitucionalização do país. Minha fama de propagandista decorria da minha absoluta convicção pessoal. O caso do petróleo, por exemplo, e do ferro. Éramos ricos em energia hidráulica e minérios e não somente café e açúcar. Durante 10 anos, gritei essas verdades. Fui sabotado e incompreendido.
Dediquei-me à Literatura Infantil já em 1921. E, retomei a ela, anos depois, desgostoso dos adultos. Com” Narizinho Arrebitado« , lancei o »Sítio do Pica-Pau Amarelo« . O sítio é um reino de liberdade e encantamento. Muitos já o classificaram de República.
Eu mesmo, por intermédio de um personagem, o Rei Carol, da Romênia, no livro A Reforma da Natureza, disse ser o Sítio uma República. Não ; República não é, e sim um reino. Um reino cuja rainha a D. Benta. Uma rainha democrática, que reina pouco. Uma rainha que permite liberdade absoluta aos seus súditos. Súditos que também governam. Um deles, Emília, é voluntarioso, teimosa, renitente não renuncia os seus desejos e projetos. Narizinho e Pedrinho são as crianças de ontem, de hoje e amanhã, abertas a tudo, querendo ser felizes, confrontando suas experiências com o que os mais velhos dizem, mas sempre acreditando no futuro. Mas eu precisava de instrumentos idôneos do mundo real para o fantástico fosse possível, pois, como ir à Grécia ? Como ir à Lua ? Como alcançar os anéis de Saturno ? Bem, a lógica das coisas impunha a existência desse instrumento. Primeiro surgiu o « Opôs de Pirlimpimpim » que transportaria para todo e sempre, os personagens de um lugar para outro, vencendo o « ESPAÇO » . O « FAZ-DE-CONTA », pó número 2, venceria a barreira do « TEMPO », suprindo as impossibilidades de acontecimentos. Finalmente pensei no « SUPER-PÓ », inventado pelo Visconde de Sabugosa, em o Minotauro, que transportaria, num átomo, para qualquer lugar indeterminado, desde que desejado.
Como disse a Emília : « É um absurdo terminar a vida assim, analfabeto ! ». Eu poderia ter escrito muito mais, perdi muito tempo escrevendo para gente grande. Precisava ter aprendido mais… Hoje aos 4 de julho de 1948, vítima de um colapso, na cidade de São Paulo parto para outra dimensão. Mas o que tinha de essencial, meu espírito jovem, minha coragem, está vivo no coração de cada criança. Viverá para sempre, enquanto estiver presente a palavra inconfundível de "Emília”.

Monteiro Lobato

Fonte : https://pt.scribd.com/doc/52530174/Texto-autobiografico-de-Monteiro-Lobato


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